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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"...aQueLe BeijO..."

Pensei em escrever algo bem bonito para o dia de ação de graças. Mas nada me ocorreu. Então contarei algo que aconteceu comigo hoje. Um homem mandou um beijo para mim. É raro esse tipo de coisa acontecer comigo, ainda mais vindo de um homem como aquele.
Saí rapidamente do carro da tia que deu uma carona. Corri até o ponto de ônibus pois o ônibus que eu queria pegar vinha logo em seguida. Mas antes, o ônibus da Apae parou e entrou uma menina nele. Todos lá dentro começaram a bater palmas e gritar cheios de empolgação. Achei maravilhosa aquela recepção. Fiquei observando a menina que foi até o motorista para cumprimenta-lo. Foi então que percebi que outro homem me observava sorrindo.
Ele tinha Sindrome de Down e deveria ter vinte e poucos anos. Estava com o rosto bem junto ao vidro da porta da frente. Quando meu olhar encontrou o dele
"uau"! ele sorriu ainda mais e acenou para mim freneticamente. É óbvio que eu sorri também e devolvi o aceno com a mão. Ele ficou ainda mais empolgado e levando a palma da mão à boca me mandou um beijo. Eu fiquei maravilhada com a espontaneidade dele e levando a palma da minha mão à boca devolvi muitos beijinhos. Acredito que se ele pudesse teria saído do ônibus para me abraçar, pois ficou tão emocionado que vibrava dando pulinhos, ele não se acreditava que eu havia correspondido seu carinho. E eu estava realmente feliz com aquele beijo.
Tudo isso aconteceu tão rapidamente que quando dei por mim o ônibus dele já tinha partido, e eu ainda estava com um sorriso de alegria tão grande no rosto que quase esqueci de entrar no meu ônibus.
Recebi um presente inesperado, de alguém que não conheço e me senti tão cuidada e amada. São essas surpresinhas do dia-a-dia que me fazem tão grata. Por isso rendo graças todos os dias.
Queria escrever algo bonito hoje e no fim das contas acho que consegui. Não por minhas palavras, mas por causa da beleza do beijo que aquele homem me mandou. Aquilo sim é que foi belo e preencheu mais ainda meu coração de gratidão.

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

.a.ViDa.É.uMa.CoNsTânCia.

A vida é um constância de alegrias e tristezas
Um dia a gente sorri, um dia a gente chora e no outro dia também

A vida é uma constância de dias que parecem iguais
Os relógios marcam os mesmos segundos de um tempo conceitual

A vida é uma constância de uma esperança insistente
Uma promessa presente que é muito mais que ambages

A vida é uma constância daquilo que se escolhe
Ou choro por não ter sapatos ou agradeço por ter pés

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

"...NaDa SaTisFeiTa..."


Já faz dias que ando me arrastando. Como se as pernas estivessem mais pesadas que o normal, como se os ombros carregassem uma carga adicional. E meus pés não deixam mais pegadas, mas sim um rastro de linhas paralelas pelo chão.
Nada parece me satisfazer de fato. Nenhum abraço é suficientemente forte. O nó na garganta não vai embora. E palavras ensaiadas de motivação não me convencem. Meu olhar fica perdido e não sei o que responder para os poucos que percebem e querem saber o que está acontecendo.
Não me levem a mal quando digo apenas "não sei". Acontece que não consigo transformar em palavras faladas o que sinto, não consigo verbalizar esse tempo da minha vida. Escrever ajuda. Mas nem tudo deve ser publicado.
Não convém expor certas coisas que necessitam ser processadas apenas no silêncio do casulo.
Porque este tem sido um tempo de casulo sim. Há uma mudança acontecendo. Ainda não entendo. Nem sei se quero entender. Desejo apenas que a transformação seja completa.
Estou nada satisfeita. Não está tudo bem, mas sei que tudo está contribuindo para o bem. Pois confio que Deus me ama independente da situação que vivo. E saber que sou amada por Ele é meu maior consolo.
Vou vencendo um dia de cada vez, sabendo que em cada dia uma parte de mim se vai e outra é reconstruída. Não tenho vontade de chorar ou desanimar. Não, nada disso. Quero apenas solitude. Um tempo de silêncio, sem relógio, sem pressa, sem cobranças. Um tempo para rever algumas coisas, entender algumas mudanças, fazer outras escolhas, passar a limpo meus rascunhos. Não uma vida inteira assim. Só um tempinho naquele lugar onde não precisarei me arrastar. Onde poderei parar como quem realmente está em um casulo.
E depois? Não sei. Talvez o voo da borboleta fale por si só. Mas isto, depois. Agora, silêncio. Silêncio e muitas palavras no papel.

"Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Bom é... assentar-se solitário e ficar só."
Lamentações 3. 26-28

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